domingo, 27 de março de 2022

Tchaikovsky Symphony No. 4 (Movement IV) with Gustavo Dudamel and the LA...



Nós mostramo-nos ingratos em relação ao que nos foi dado por esperarmos sempre no futuro, como se o futuro (na hipótese de lá chegarmos) não se transformasse rapidamente em passado. Quem goza apenas do presente não sabe dar o correcto valor aos benefícios da existência; quer o futuro quer o passado nos podem proporcionar satisfação, o primeiro pela expectativa, o segundo pela recordação; só que enquanto um é incerto e pode não se realizar, o outro nunca pode deixar de ter acontecido. Que loucura é esta que nos faz não dar importância ao que temos de mais certo? Mostremo-nos satisfeitos por tudo o que nos foi dado gozar, a não ser que o nosso espírito seja um cesto roto onde o que entra por um lado vai logo sair pelo outro!

Séneca, in 'Cartas a Lucílio

quinta-feira, 17 de março de 2022

 O ódio é um sentimento negativo que nada cria e tudo esteriliza: - e, quem a ele se abandona, bem depressa vê consumidas na inércia as forças e as faculdades que a Natureza lhe dera para a acção. O ódio, quando impotente, não tendo outro objecto directo e nem outra esperança senão o seu próprio desenvolvimento - é uma forma da ociosidade. É uma ociosidade sinistra, lívida, que se encolhe a um canto, na treva. (...) Mas que esse sentimento seja secundário na vasta obra que temos diante de nós, agora que acordamos...


Eça de Queirós, in 'Distrito de Évora'

Evergreen | Two Steps From Hell Live | The Bands of HM Royal Marines

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Não é um abraço, nem um beijo, nem palavras confortadoras, nem conselhos bizarros, nem mais nada neste mundo que me consegue consolar quando eu estou triste. A minha tática de consolo é sempre solitária, mas sempre ao som de uma boa música. Não existe mais nada no mundo que me console do que a música. Só ela consegue acalmar-me, trazer-me a alegria de volta e fazer com que eu tenha vontade de continuar a viver! Em todos os momentos eu preciso de música, eu preciso da música em mim, eu preciso das músicas em todos os meus momentos, eu preciso de música para me recompor quando desmorono, eu preciso da música para me motivar e encarar meus medos, eu preciso da música para me entender. Eu só me entendo, me encontro e me amo por meio da música. É só por meio dela que eu consigo ser eu mesmo. 

 Anónimo

FSO - Pearl Harbor - "Suite" (Hans Zimmer)

FSO TOUR 2014 Oficial | Forrest Gump

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Via Crucis

Lloyd Webber: Sunset Boulevard - Symphonic Suite

Ruthie Henshall - I Dreamed A Dream (Les Miserables 10th Anniversary Con...

Stars - Philip Quast - Les Misérables - 10th Anniversary Concert

 Uma vez que em boa verdade os homens apenas se interessam pela sua opinião própria, qualquer indivíduo que queira apresentar uma dada opinião trata de olhar para um lado e para o outro à procura de meios que lhe permitam dar força à posição, sua ou alheia, que defende.

As pessoas servem-se da verdade quando ela lhes é útil, mas recorrem com retórica paixão à falsidade logo que se lhes depara o momento em que a podem usar para produzir a ilusão de um meio-argumento e dar assim, com uma manobra de diversão, a aparência de unificar aquilo que se apresenta como fragmentário.
A princípio, quando me apercebia de tais situações, ficava incomodado, depois passei a ficar perturbado, mas tudo isso suscita-me hoje um prazer malicioso. E prometi a mim mesmo que nunca mais volto a pôr a descoberto esse tipo de procedimentos.

Johann Wolfgang von Goethe, in "Máximas e Reflexões"

Lloyd Webber: The Phantom Of The Opera - Symphonic Suite

sábado, 12 de fevereiro de 2022

 A volúpia carnal é uma experiência dos sentidos, análoga ao simples olhar ou à simples sensação com que um belo fruto enche a língua. É uma grande experiência sem fim que nos é dada; um conhecimento do mundo, a plenitude e o esplendor de todo o saber. O mal não é que nós a aceitemos; o mal consiste em quase todos abusarem dessa experiência, malbaratando-a, fazendo dela um mero estímulo para os momentos cansados da sua existência.


Rainer,  Rilke, in 'Cartas a um Jovem Poeta'

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

 As suspeitas são entre os pensamentos o que os morcegos são entre os pássaros; voam sempre ao crepúsculo. Certamente, devem ser reprimidos, ou pelo menos bem vigiados, porque ofuscam o espírito. As suspeitas afastam-nos dos amigos e vão de encontro aos nossos negócios, que afastam do caminho normal e direito. As suspeitas impelem os reis à tirania, os maridos ao ciúme, os sábios à irresolução e à melancolia. São fraquezas não do coração, mas do cérebro, porque se alojam nos carácteres mais intrépidos, como no exemplo de Henrique VII de Inglaterra, que, entre os homens, foi também o mais suspeitoso e também o mais intrépido. As suspeitas fazem muito mal a estes homens. Nas outras pessoas, as suspeitas só são admitidas depois de exame à sua verosimilhança, mas nas pessoas timoratas elas rapidamente adquirem fundamento. O que leva o homem a suspeitar muito é o saber pouco; por isso os homens deveriam dar remédio às suspeitas procurando saber mais, em vez de se deixarem sufocar por elas.

Francis Bacon, in 'Ensaios'

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

 Aquele que muito interrogar muito aprenderá também, muito contentará também, especialmente se adaptar as suas perguntas aos conhecimentos daqueles que lhe podem responder, pois assim lhes dará ocasião de se comprazerem a falar, e ele próprio continuará a ganhar conhecimentos; se por vezes fingirdes ignorar o que consta que sabeis, para outra vez passareis por saber o que ignorais. Falar acerca de si próprio não é bom que se faça com frequência, e há só um caso em que um homem consegue fazer com graça o seu próprio elogio: é quando louva uma virtude que pretende ter. Discrição na conversa vale muito mais do que eloquência, e mais vale falar singelamente com o interlocutor, do que exprimir-se em palavras cadenciadas e altissonantes. Uma conversa bem conduzida, mas sem uma boa réplica do interlocutor, torna-se muito vagarosa; uma boa réplica que não seja seguida por um bom discurso é de manifesta frivolidade. Usar de muitos circunlóquios antes de abordar o tema é fastidioso; não usar alguns significa demasiada rudeza.


Francis Bacon, in 'Ensaios'

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

FCPorto


 

FC Porto!


 

 Meu caro leitor!

Se não tens tempo nem oportunidade para consagrar uma dezena de anos da tua vida a uma viagem em volta do mundo para observar tudo o que um circunavegador pode aprender; se te falta, por não teres estudado por muito tempo as línguas estrangeiras, os dons e os meios de te iniciar nas mentalidades diversas dos povos que se revelam aos cientistas; se não pensas em descobrir um novo sistema astronómico que suprima o de Copérnico, bem como o de Ptolomeu - então, casa-te; e mesmo que tenhas tempo para viajar, dons para os estudos e a esperança de fazer descobertas, casa-te do mesmo modo. Tu não te arrependerás, ainda que isso te impeça de conheceres todo o Globo terrestre, de te exprimires em muitas línguas e de compreenderes o espaço celeste; pois o casamento é e continuará a ser a viagem da descoberta mais importante que o homem pode empreender; qualquer outro conhecimento da vida, comparado ao de um homem casado, é superficial, pois ele e só ele penetrou verdadeiramente na existência.

Emmanuel Kant, in 'Considerações sobre o Casamento em Resposta a Objecções'

sábado, 5 de fevereiro de 2022


 


 

 Não ajas contra tua vontade nem contra a comunidade, sem prévio exame nem relutantemente; não exprimas teu pensamento de maneira engenhosa ou com rodeios; não sejas loquaz nem demasiado ativo a ponto de seres indiscreto. Além disso, permite que o deus7 que existe em ti te comande e encontre em ti um homem,8 um velho, um cidadão, um romano, um comandante que a si mesmo atribui seu posto, uma pessoa que se constituiu como alguém a esperar tão só, por assim dizer, o toque de retirada para partir prontamente desta vida, e que para isso não precisa de um juramento nem de algum ser humano que dê um testemunho. Mantém a alegria e a autossuficiência, dispensando os serviços externos bem como aquela tranquilidade dos outros. É necessário, portanto, ser correto, não ser corrigido.

Marco Aurélio, "Meditações"

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

 Fixa, a partir de agora, um caráter e um padrão para ti

próprio, que guardarás quando estiveres sozinho, ou quando te
encontrares com outros. Na maior parte do tempo, fica
em silêncio, ou, com poucas palavras, fala o que é necessário.
Raramente, quando a ocasião pedir, fala algo, mas não sobre
coisa ordinária: nada sobre lutas de gladiadores, corridas de
cavalos, nem sobre atletas, nem sobre comidas ou bebidas –
assuntos falados por toda parte. Sobretudo não fales sobre os
homens, recriminando-os, ou elogiando-os, ou comparando-os.
Então, se fores capaz, conduz a tua conversa e a dos que
estão contigo para o que é conveniente. Porém, se te
encontrares isolado em meio a estranhos, guarda silêncio.
Não rias muito, nem sobre muitas coisas, nem de modo
descontrolado. Recusa-te a fazer juramentos, se possível
por completo; senão, na medida do possível. Põe de lado
os banquetes de estranhos e de homens comuns, mas se um dia
surgir uma ocasião propícia, mantém-te atento e jamais caias na
vulgaridade. Pois sabe que, quando o companheiro for impuro,
quem convive com ele necessariamente se torna impuro,
mesmo que, por acaso, esteja puro. Acolhe as coisas
relativas ao corpo na medida da simples necessidade:
alimentos, bebidas, vestimenta, serviçais – mas exclui por
completo a ostentação ou o luxo. Quanto aos prazeres de
Afrodite, deves preservar-te ao máximo até ao casamento, mas
se te engajares neles, é preciso tomá-los conforme o costume.
No entanto, não sejas grave nem crítico com os que fazem uso
deles, nem anuncies repetidamente que tu próprio não o fazes.
Se te disserem que alguém, maldosamente, falou coisas
terríveis de ti, não te defendas das coisas ditas, mas responde
que “Ele desconhece meus outros defeitos, ou não mencionaria
somente esses”.
Manual de Epicteto, 50d.c. - 135d.c.

Big Band Symphonic Medley - John Wilson Orchestra (Arr. Andrew Cottee)

Gustavo Dudamel - Bernstein: Symphonic Dances (Orquesta Sinfónica Simón ...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

 Vivestes como se fósseis viver para sempre, nunca vos ocorreu que sois frágeis, não notais quanto tempo já passou; vós o perdeis, como se ele fosse farto e abundante, ao passo que aquele mesmo

dia que é dado ao serviço de outro homem ou outra coisa seja o último.
Como mortais, vos aterrorizais de tudo, mas desejais tudo como se fôsseis imortais.
Ouvirás muitos dizerem: “Aos cinquenta anos me refugiarei no ócio, aos sessenta estarei livre de meus encargos.” E que fiador tens de uma vida tão longa?
E quem garantirá que tudo irá conforme planeias? Não te envergonhas de reservar para ti apenas as sobras da vida e destinar à meditação somente a idade que já não serve mais para nada?
Quão tarde começas a viver, quando já é hora de deixar de fazê-lo. Que negligência tão louca a dos mortais, de adiar para o quinquagésimo ou sexagésimo ano os prudentes juízos, e a partir deste ponto, ao qual poucos chegaram, querer começar a viver!
Séneca "Sobre a brevidade da Vida"

Buongiorno principessa-La vita è bella

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

 O que mais me intriga e dói na nossa morte, como vemos na dos outros, é que nada se perturba com ela na vida normal do mundo. Mesmo que sejas uma personagem histórica, tudo entra de novo na rotina como se nem tivesses existido. O que mais podem fazer-te é tomar nota do acontecimento e recomeçar. Quando morre um teu amigo ou conhecido, a vida continua natural como se quem existisse para morrer fosses só tu. Porque tudo converge para ti, em quem tudo existe, e assim te inquieta a certeza de que o universo morrerá contigo. Mas não morre. Repara no que acontece com a morte dos outros e ficas a saber que o universo se está nas tintas para que morras ou não. E isso é que é incompreensível - morrer tudo com a tua morte e tudo ficar perfeitamente na mesma. Tudo isto tem significado para o teu presente. Mas recua duzentos anos e verás que nada disto tem já significado.


Vergílio Ferreira, in 'Escrever'

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

 Aquilo em que se tem mais vaidade é o corpo. Mesmo que aleijado, há sempre um pormenor que nos envaidece. Compô-lo. Arranjá-lo. O careca puxa o cabelo desde o cachaço ou do olho do cú para tapar a degradação. O marreco faz peito. O espelho é para todos o grande dialogante. Passa-se a uma vitrina e olha-se de soslaio a ver como se vai. Uma mulher perfeita (e um homem) não inveja o intelectual, o artista. O inverso é que é. Muitas mulheres (e homens) cultivam a excepcionalidade do seu espírito ou engenho por complexo ou vingança. Quando se não tem já vaidade no corpo, está-se no fim. Mas mesmo num leito de morte nos queremos «compostos». «Não me descomponhas» — disse a marquesa de Távora ao carrasco, uns momentos antes de ser decapitada. Tomam-se providências para como se há-de ir no caixão. A degradação do corpo é a última coisa que se aceita.

Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1'

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

   Como é por dentro outra pessoa?

Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Qatar Philharmonic Orchestra | Gioachino Rossini - Guillaume Tell Overture

 O que torna infeliz a primeira metade da vida, que apresenta tantas vantagens em relação à segunda, é a busca da felicidade, com base no firme pressuposto de que esta deva ser encontrável na vida: o resultado são esperanças e insatisfações continuamente frustradas. Visualizamos imagens enganosas de uma felicidade sonhada e indeterminada, entre figuras escolhidas por capricho, e procuramos em vão o seu arquétipo.

Na segunda metade da vida, a preocupação com a infelicidade toma o lugar da aspiração sempre insatisfeita à felicidade; no entanto, encontrar um remédio para tal problema é objectivamente possível. De facto, a essa altura já estamos finalmente curados do pressuposto há pouco mencionado e buscamos apenas tranquilidade e a maior ausência de dor possível, o que pode ocasionar um estado consideravelmente mais satisfatório do que o primeiro, visto que ele deseja algo atingível, e que prevalece sobre as privações que caracterizam a segunda metade da vida.

Arthur Schopenhauer, in "A Arte de Ser Feliz"

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Filarmonica della Scala - Rapsodia Română nr. 2 în Re major Op.11 de Geo...


 

 É realmente inacreditável como a vida da maioria dos homens flui de maneira insignificante e fútil, quando vista externamente, e quão apática e sem sentido pode parecer interiormente. As quatro idades da vida que levam à morte são feitas de ânsia e martírio extenuados, além de uma vertigem ilusória, acompanhada por uma série de pensamentos triviais. Assemelham-se ao mecanismo de um relógio, que é colocado em movimento e gira, sem saber por quê. E toda a vez que um homem é gerado e nasce, dá-se novamente corda ao relógio da vida humana, para então repetir a mesma cantilena pela enésima vez, frase por frase, compasso por compasso, com variações insignificantes.


Arthur Schopenhauer, in "A Arte de Insultar"

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Pietro Mascagni: Cavalleria rusticana - Intermezzo

 Para saberes o que uma pessoa pensa, de facto, da tua política, pede a um homem de confiança que exprima diante dela as tuas próprias opiniões, fazendo-as passar por suas. Ou então, lê um texto que tu mesmo redigiste, mas dizendo que provém de outra fonte, e observa a sua reacção.

Muitas vezes a amizade torna-nos demasiado benevolentes, confundindo a nossa clareza de ideias. Não que os nossos amigos não sejam sinceros quando nos elogiam ou nos encorajam nos nossos empreendimentos, mas a sua boa vontade está muito longe do verdadeiro juízo, que consiste em felicitar o interessado depois de nos termos informado a seu respeito e ter estudado em pormenor as suas acções e os seus métodos.

Jules Mazarin, in 'Breviário dos Políticos'

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

 O único modo de entreter algumas pessoas é escutá-las.

Hubbard , Kim


Os auditórios não são constituídos por pessoas que ouvem, mas por pessoas que aguardam a sua vez de falar.
Karr , Alphonse


Hoje, não se sabe falar porque já não se sabe ouvir.
Renard , Jules


A natureza deu-nos duas orelhas e uma só boca para nos advertir de que se impõe mais ouvir do que falar.
Zenon , Zenão de Cítio

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

A honra não consiste na opinião dos outros sobre o nosso valor, mas unicamente nas exteriorizações dessa opinião, pouco importando se a opinião externada de facto existe ou não, muito menos se ela tem fundamento. Por conseguinte, os outros podem nutrir a pior opinião a nosso respeito, por conta do nosso modo de vida, e podem desprezar-nos como bem entenderem; durante o tempo em que ninguém se atrever a expressá-la em voz alta, ela não prejudicará em nada a nossa honra. Mas, ao contrário, bastará que apenas um indivíduo - seja ele o pior e mais ignorante - exprima o seu desprezo por nós para que logo a nossa honra seja ferida e até perdida para sempre, caso não a reparemos.

Um demonstrativo supérfluo disso, ou seja, de que aqui não se trata da opinião de outrem, mas apenas da sua exteriorização, é que as ofensas podem ser retiradas ou, se necessário, pode-se pedir perdão, e então é como se elas jamais tivessem acontecido. A questão de saber se a opinião que produziu as ofensas também mudou e por que isso aconteceria não afecta em nada o caso: anula-se simplesmente a sua exteriorização e tudo fica bem. Como conclusão, tem-se que o importante não é ganhar respeito, mas extorqui-lo.

Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Louis Armstrong Benny Goodman Danny Kaye Laurindo de Almeida Nestor Am...

 Existe no mundo apenas um ser mentiroso: o homem. Todos os outros seres são verdadeiros e sinceros, pois mostram-se abertamente como são e manifestam o que sentem. Uma expressão emblemática ou alegórica dessa diferença fundamental é o facto de que todos os animais andam com o seu aspecto natural, o que contribui bastante para a impressão agradável que se tem ao vê-los; especialmente quando se trata de animais livres, tal visão enche o meu coração de alegria. Em contrapartida, devido ao seu vestuário, o ser humano tornou-se uma caricatura, um monstro; o simples facto de vê-lo é ja algo de repugnante, que se destaca até pelo branco da sua pele, tão natural a ele, e pelas consequências repulsivas da sua alimentação à base de carne, que vai contra a natureza, bem como das bebidas alcoólicas, do tabaco, dos excessos e das doenças. Ele surge como uma mácula da natureza!


Arthur Schopenhauer, in "A Arte de Insultar"