quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Adeus! Caro de Mais te Possuía

Adeus! caro de mais te possuía,

sabes a estimativa em que te trazem;

carta de teu valor dá-te franquia,

meus vínculos a ti já se desfazem.

Como reter-te sem consentimento

e onde mereço essa riqueza grada?

Falece a causa em mim de tal provento

e a patente que tenho é revogada.

Deste-me, sem saber do teu valor,

ou quanto a mim, a quem o deste, errando,

e a dávida que em base errada for

volta a casa, melhor se ponderando.

Tive-te assim qual sonho de embalar,

um rei no sono e nada ao acordar.



William Shakespeare, in "Sonetos

3 comentários:

Marta disse...

lindo! íssimo, claro :)

como é?
assim a fasquia fica muito alta :) :) :)
e manter é difícil.

António da Costa Oliveira disse...

Bem sabes porque não posso mantê-la.
Por mim até vinha na língua materna do autor. Há poesia de Shakespeare que, traduzida, não se pode ler...
As crianças e jovens têm de ter acesso a tudo o mais cedo possível...

Carla disse...

Fantástico!!!