segunda-feira, 4 de outubro de 2010

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

domingo, 19 de setembro de 2010

Aladdin - Puerto Rico Symphonic orquestra

Naquela linda manhã

Marcha Radetzky - Concierto año nuevo 2009 (Daniel Barenboim)

Idade Subjectiva

O professor perguntou ao menino Carlinhos:

— Se ambos os teus pais tivessem nascido em 1958, que idade dizias que eles tinham?

— Dependia...

— Dependia de quê?

— De perguntarmos ao meu pai ou à minha mãe...

Não Diga o Meu Espelho que Envelheço

Não diga o meu espelho que envelheço,

se a juventude e tu têm igual data,

mas se os sulcos do tempo em ti conheço

então devo expiar no que me mata.

Tanta beleza te recobre e deu

tais galas a vestir a meu coração,

que vive no teu peito e o teu no meu.

Mais velho do que tu serei então?

Portanto, meu amor, cuida de ti

como eu, não por mim, por ti somente

te cuido o coração, que guardo aqui

como à criança a ama diligente.

Não contes com o teu se o meu morrer.

Deste-me o teu e o não vou devolver.



William Shakespeare, in "Sonetos (22)"

É por ter Espírito que me Aborreço

É preciso esconjurar, da forma que nos for possível, este diabo de vida que não sei porque é que nos foi dada e que se torna tão facilmente amarga se não opusermos ao tédio e aos aborrecimentos uma vontade de ferro. É preciso, numa palavra, agitar este corpo e este espírito que se delapidam um ao outro na estagnação e numa indolência que se confunde com um torpor. É preciso passar, necessariamente, do descanso ao trabalho - e reciprocamente: só assim estes parecerão, ao mesmo tempo, agradáveis e salutares. Um desgraçado que trabalhe sem cessar, sob o peso de tarefas inadiáveis, deve ser, sem dúvida, extremamente infeliz, mas um indivíduo que não faça mais do que divertir-se não encontrará nas suas distracções nem prazer nem tranquilidade; sente que luta contra o tédio e que este o prende pelos cabelos - como se fosse um fantasma que se colocasse sempre por detrás de cada distracção e espreitasse por cima do nosso ombro.


Não julgue, cara amiga, que eu só porque trabalho regularmente estou isento das investidas deste terrível inimigo; penso que, quando se tem uma certa disposição de espírito, é preciso termos uma imensa energia de forma a não nos deixarmos absorver e conseguir escapar, graças à nossa força de vontade, à melancolia em que caímos continuamente. O prazer que sinto, neste momento, em dialogar consigo acerca deste sentimento é mais uma prova de como eu me procuro agarrar, avidamente, sempre que tenho forças para isso, a todas as oportunidades para ocupar o espírito (ainda que seja referindo-me a este tédio, que procuro combater).


Sempre pensei que havia tempo a mais. Atribuo em grande parte este sentimento ao prazer que quase sempre encontrei no próprio trabalho: os verdadeiros ou pretensos prazeres que se lhe sucediam não contrastavam talvez muito com a fadiga que me comunicava o trabalho - fadiga que a maior parte dos homens sente duramente. Não tenho dificuldade em imaginar o prazer que deve sentir nas suas horas de repouso essa multidão de homens que vemos vergados sob trabalhos desencorajadores - e não me refiro apenas aos pobres, que têm de ganhar o seu pão quotidiano, mas também aos advogados, aos funcionários, submersos pela papelada e ocupados com encargos fastidiosos ou que não lhe dizem respeito.


No entanto, também é verdade que a maior parte desses indivíduos não têm problemas com a imaginação e vêem nas suas ocupações maquinais uma maneira como qualquer outra de ocupar o tempo. E serão tanto menos infelizes quanto mais medíocres forem. Para me consolar, termino com este último axioma: que é por ter espírito que me aborreço.


Eugène Delacroix, in 'Diário'

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Leão

O Elefante

Pobre Velha Música!

Pobre velha música!

Não sei por que agrado,

Enche-se de lágrimas

Meu olhar parado.



Recordo outro ouvir-te,

Não sei se te ouvi

Nessa minha infância

Que me lembra em ti.



Com que ânsia tão raiva

Quero aquele outrora!

E eu era feliz? Não sei:

Fui-o outrora agora.



Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

A Necessidade de Ser Insultado

Com que frequência caminhei no quarto de um lado para o outro, com o desejo inconsciente que alguém me insultasse ou proferisse alguma palavra que eu pudesse interpretar como um insulto, para que eu desabafasse a minha raiva em alguém.

É uma experiência muito simples que acontece quase diáriamente, e ainda para mais quando existe algum outro segredo, uma aflição no coração, para o qual se deseja dar uma expressão verbal mas que não se consegue.



Fiodor Dostoievski, in 'Humilhados e Ofendidos'

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mensagem a Alunos e Professores

A arte mais importante do professor é a de despertar a alegria pelo trabalho e pelo conhecimento.

«Queridos estudantes!

Regozijo-me por vos ver hoje diante de mim, alegre juventude de um país abençoado.

Lembrai-vos de que as coisas maravilhosas que ireis aprender nas vossas escolas são a obra de muitas gerações, levada a cabo por todos os países do mundo, à custa de muito entusiasmo, muito esforço e muita dor. Tudo é depositado nas vossas mãos, como uma herança, para que a aceitem, honrem, desenvolvam e a transmitam fielmente um dia aos vossos filhos. Assim nós, embora mortais, somos imortais nas obras duradouras que criamos em comum.

Se tiverem esta ideia sempre em mente, encontrarão algum sentido na vida e no trabalho e poderão formar uma opinião justa em relação aos outros povos e aos outros tempos.»



Albert Einstein, in 'Como Vejo o Mundo'

Acaso

No acaso da rua o acaso da rapariga loira.

Mas não, não é aquela.



A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.

Perco-me subitamente da visão imediata,

Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,

E a outra rapariga passa.



Que grande vantagem o recordar intransigentemente!

Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,

E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta.



Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!

Ao menos escrevem-se versos.

Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por gênio, se calhar,

Se calhar, ou até sem calhar,

Maravilha das celebridades!



Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos...

Mas isto era a respeito de uma rapariga,

De uma rapariga loira,

Mas qual delas?

Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,

Numa outra espécie de rua;

E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade

Numa outra espécie de rua;

Por que todas as recordações são a mesma recordação,

Tudo que foi é a mesma morte,

Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?



Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional.

Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas?

Pode ser... A rapariga loira?

É a mesma afinal...

Tudo é o mesmo afinal ...



Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal.



Álvaro de Campos, in "Poemas"

Horward Shore - Concerning Hobbits

The Lord of the Rings: Symphony - The Grey Havens

Caetano Veloso Cucurrucucu Paloma Hable Con Ella

Gioacchino Rossini - Il barbiere di Siviglia

Tim & Rui Veloso - Voar

cavalleria rusticana ouverture

Cavalaria Ligeira (Von Suppé)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

domingo, 12 de setembro de 2010

O Grande Engano da Mediocridade

O grande engano da mediocridade! Este é um alerta para os nossos dias. O fácil, o imediato, o que dá para todos, o que passa por democrático, o que está 'benzinho' e mediano, parece, tantas vezes, a solução. Não fazer ondas, ceder, ir pelo mais ou menos, vale tudo desde que não chegue cá o incómodo: este é o retrato dos desiludidos! Nivelar por baixo não é caminho, é engano.



(Padre) Vasco Pinto de Magalhães, in 'Não Há Soluções, Há Caminhos'

Miseria Occulta

Bate nos vidros a aurora,

Vem depois a noute escura;

E o pobre astro que ali móra,

Não abandona a costura!



Para uns a vida é d'abrolhos!

Para outros mouta de lyrios!

Bem o revelam seus olhos,

Pisados pelos martyrios!



Miseria afugenta tudo!

Miseria tem dons funestos!

Quem é que gaba o velludo

D'aquelles olhos honestos!...



Ninguem seus olhos brilhantes

Descobre n'essas alturas...

E aquellas formas tão puras,

E aquellas mãos elegantes!



Sempre á costura inclinada!

Morra o sol ou surja a lua

Nunca vi descer á rua

Aquella loura encantada!



Aquelle lyrio dobrado

Por que assim vive escondido!

Eu bem sei!--não tem calçado!

E é muito usado o vestido!



Por isso não tem porvir

Morrerá virgem e nova,

E aguarda-a bem cedo a cova...

Que eu bem a ouço tossir!



Miseria afugenta tudo!

Miseria tem dons funestos!

Quem é que gaba o veludo

D'aquelles olhos honestos!



Pobre flor desfalecida

Tão nova e ainda em botão!

Como teve estreita a vida,

Terá estreito o caixão!



António Gomes Leal, in 'Claridades do Sul'

Pacis Valley, Haemhouts (Montemorense)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Rubén Simeó y Giuliano Sommerhalder. Vivaldi 1º. Alemania

Intermedio. La boda de Luís Alonso. J Gimenez. Lucero Tena

Pat Metheny - Nuovo Cinema Paradiso (Ennio Morricone) - Jazz in Marciac

John Mayer - Heart of Life (Acoustic)

Hector Berlioz: Hungarian March

Les Miserables - Stars

The Original London Cast of Les Miserables - The Reunion!

As Canções dos Miudos - Bom dia vou para a escola

Desporto e Pedagogia

I



Diz ele que não sei ler

Isso que tem? Cá na aldeia

Não se arranjam dúzia e meia

Que saibam ler e escrever.



II



P'ra escolas não há bairrismo,

Não há amor nem dinheiro.

Por quê? Porque estão primeiro

O Futebol e o Ciclismo!



III



Desporto e pedagogia

Se os juntassem, como irmãos,

Esse conjunto daria,

Verdadeiros cidadãos!

Assim, sem darem as mãos,

O que um faz, outro atrofia.



IV



Da educação desportiva,

Que nos prepara p'ra vida,

Fizeram luta renhida

Sem nada de educativa.



V



E o povo, espectador em altos gritos,

Provoca, gesticula, a direito e torto,

Crendo assim defender seus favoritos

Sem lhe importar saber o que é desporto.



VI



Interessa é ganhar de qualquer maneira.

Enquanto em campo o dever se atropela,

Faz-se outro jogo lá na bilheiteira,

Que enche os bolsinhos aos que vivem dela.



VII



Convém manter o Zé bem distraído

Enquanto ele se entrega à diversão,

Não pode ver por quantos é comido

E nem se importa que o comam, ou não.



VIII



E assim os ratos vão roendo o queijo

E o Zé, sem ver que é palerma, que é bruto,

De vez em quando solta o seu bocejo,

Sem ter p'ra ceia nem pão, nem conduto.



António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."

Escola

"A escola não deve ter a melancolia da cadeia. Pestallozi, Froebel, os grandes educadores, ensinavam em pátios, ao ar livre, entre árvores. Froebel fazia alterar o estudo do ABC e o trabalho manual; a criança soletrava e cavava. A educação deve ser dada com higiene. A escola entre nós é uma grilheta do abecedário, escura e suja: as crianças, enfastiadas, repetem a lição, sem vontade, sem inteligência, sem estímulo: o professor domina pela palmatória, e põe todo o tédio da sua vida na rotina do seu ensino."


 "Uma Campanha Alegre"

 Queiroz , Eça

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

PACO DE LUCIA , John McLaughlin , AL DI MEOLA... ui ui

Al Di Meola Libertango (Live 2004)

Cá está ele...

Good people

Richard Strauss - D. Juan

John Denver & Plácido Domingo in Studio - Perhaps Love (1980)

Amigos Para Siempre

Amigo

Mal nos conhecemos

Inaugurámos a palavra «amigo».



«Amigo» é um sorriso

De boca em boca,

Um olhar bem limpo,

Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,

Um coração pronto a pulsar

Na nossa mão!



«Amigo» (recordam-se, vocês aí,

Escrupulosos detritos?)

«Amigo» é o contrário de inimigo!



«Amigo» é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,

É a verdade partilhada, praticada.



«Amigo» é a solidão derrotada!



«Amigo» é uma grande tarefa,

Um trabalho sem fim,

Um espaço útil, um tempo fértil,

«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!



Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'

A Amizade Verdadeira e Genuína

Do mesmo modo que o papel-moeda circula no lugar da prata, também no mundo, no lugar da estima verdadeira e da amizade autêntica, circulam as suas demonstrações exteriores e os seus gestos imitados do modo mais natural possível. Por outro lado, poder-se-ia perguntar se há pessoas que de facto merecem essa estima e essa amizade. Em todo o caso, dou mais valor aos abanos de cauda de um cão leal do que a cem daquelas demonstações e gestos.

A amizade verdadeira e genuína pressupõe uma participação intensa, puramente objectiva e completamente desinteressada no destino alheio; participação que, por sua vez, significa identificarmo-nos de facto com o amigo. Ora, o egoísmo próprio à natureza humana é tão contrário a tal sentimento, que a amizade verdadeira pertence àquelas coisas que não sabemos se são mera fábula ou se de facto existem em algum lugar, como as serpentes marinhas gigantes. Todavia, há muitas relações entre os homens que, embora se baseiem essencialmente em motivos egoístas e ocultos de diversos tipos, passam a ter um grão daquela amizade verdadeira e genuína, o que as enobrece ao ponto de poderem, com certa razão, ser chamadas de amizade nesse mundo de imperfeições. Elas elevam-se muito acima dos vínculos ordinários, cuja natureza é tal, que não trocaríamos mais nenhuma palavra com a maioria dos nossos bons conhecidos, se ouvíssemos como falam de nós na nossa ausência.



Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

Este pela cumplicidade e beleza...

Este também merece pelo esforço :)))

Darren Hayes & Luciano Pavarotti - O Sole Mio

Pavarotti - Torna a Surriento - DeCurtis

Pedro Barroso - Menina dos Olhos de Água (my favourite)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Queremos Homens Completos ou Meros Cidadãos?

A educação actual e as actuais conveniências sociais premeiam o cidadão e imolam o homem. Nas condições modernas, os seres humanos vêm a ser identificados com as suas capacidades socialmente valiosas. A existência do resto da personalidade ou é ignorada ou, se admitida, é admitida somente para ser deplorada, reprimida ou, se a repressão falhar, sub-repticiamente rebuscada. Sobre todas as tendências humanas que não conduzem à boa cidadania, a moralidade e a tradição social pronunciam uma sentença de banimento. Três quartas partes do Homem são proscritas. O proscrito vive revoltado e comete vinganças estranhas. Quando os homens são criados para serem cidadãos e nada mais, tornam-se, primeiro, em homens imperfeitos e depois em homens indesejáveis.



A insistência nas qualidades socialmente valiosas da personalidade, com exclusão de todas as outras, derrota finalmente os seus próprios fins. O actual desassossego, descontentamento e incerteza de propósitos testemunham a veracidade disto. Tentámos fazer homens bons cidadãos de estados industriais altamente organizados: só conseguimos produzir uma colheita de especialistas, cujo descontentamento em não serem autorizados a ser homens completos faz deles cidadãos extremamente maus. Há toda a razão para supor que o mundo se tornará ainda mais completamente tecnicizado, ainda mais complicadamente arregimentado do que é presentemente; que graus cada vez mais elevados de especialização serão requeridos dos homens e mulheres individuais. O problema de reconciliar as reivindicações do homem e do cidadão tornar-se-á cada vez mais agudo. A solução desse problema será uma das principais tarefas da educação futura. Se irá ter êxito, e até mesmo se o êxito é possível, somente o evento poderá decidir.



Aldous Huxley, in "Sobre a Democracia e Outros Estudos"

Il Postino: Theme - Itzhak Perlam

Ronda dos Quatro Caminhos com Orquestra Sinfonietta de Lisboa e Coros do Alentejo-Águia

Ronda dos Quatro Caminhos com Orquestra Sinfonietta de Lisboa e Coros do Alentejo

O compositor iria orgulhar-se de ver esta execução... excelente :)

Paco de Lucia - Tangos

Paco de Lucía. Quando ouço falar dos melhores guitarristas do mundo, nunca me esqueço deste Sir, obviamente ;)

Para todas as idades - parte 1

Para todas as idades- parte 2

Para todas as idades... a não perder ;)

Nao queiras saber de mim - Rui Veloso

Nada a declarar... ;)

Habilidade de Taxista

O motorista de táxi gabava as suas qualidades ao freguês provinciano, que se admirava como o trânsito conseguia fazer-se àquela velocidade, na cidade, com tanto movimento. Pretendendo causar maior admiração ao cliente, diz-lhe:

— Quer ver como ainda apanho aquela velhinha que está quase a chegar ao passeio? Acelera o carro, e quase a atingir a senhora, faz um ligeiro desvio para a esquerda; e quando vai a endireitar a direcção sente uma pancada no carro, ouve um corpo a cair, e pára o carro com uma travagem brusca, sem perceber o que se passava.

— Vocês, cá na cidade, afinal, têm muito pouca pontaria! Se eu não abrisse a porta, aqui do meu lado, você não conseguia apanhar a velhota.

Jardinagem

Andava o senhor abade muito atarefado no quintal, procurando fixar pregos num muro à força de martelo, para segurar uma trepadeira, quando reparou num garotinho que o observava atentamente.

— Então, meu amiguinho, queres aprender a jardineiro?

— Não senhor...

— Então estás admirado de me ver trabalhar assim?

— Ná... Não senhor; era para ouvir o que o senhor abade dizia quando desse com o martelo nos dedos.

A Diferença entre um Penico e uma Panela

— Você sabe a diferença que há entre um penico e uma panela?

— Não — responde o outro, um pouco desconfiado.

— Ah! Então  deve ser um  pagode, em sua casa!

Paganini-Variations "God save the King"

Nigel Kennedy Czardas ;)

Nigel Kennedy: do clássico a... no limits...

Dvorak - Symphony No. 9 "From the New World" - Krajan (Belíssimo!!!!!)

Antonin Dvorak - Songs My Mother Taught Me

Nada a dizer. Os melhores...

Joe Satriani - Flying In A Blue Dream (sem dúvida, um dos melhores do mundo)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Rock Me Baby-BB KIng/Eric Clapton/Buddy Guy/Jim Vaughn

Louvor do Aprender

Aprende o mais simples! Pra aqueles

Cujo tempo chegou

Nunca é tarde de mais!

Aprende o abc, não chega, mas

Aprende-o! E não te enfades!

Começa! Tens de saber tudo!

Tens de tomar a chefia!



Aprende, homem do asilo!

Aprende, homem na prisão!

Aprende, mulher na cozinha!

Aprende, sexagenária!

Tens de tomar a chefia!



Frequenta a escola, homem sem casa!

Arranja saber, homem com frio!

Faminto, pega no livro: é uma arma.

Tens de tomar a chefia.



Não te acanhes de perguntar, companheiro!

Não deixes que te metam patranhas na cabeça:

Vê c'os teus próprios olhos!

O que tu mesmo não sabes

Não o sabes.

Verifica a conta:

És tu que a pagas.

Põe o dedo em cada parcela,

Pergunta: Como aparece isto aqui?

Tens de tomar a chefia.



Bertold Brecht,

O Perigo da Leitura Excessiva

Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: repetimos apenas o seu processo mental. Ocorre algo semelhante quando o estudante que está a aprender a escrever refaz com a pena as linhas traçadas a lápis pelo professor. Sendo assim, na leitura, o trabalho de pensar é-nos subtraído em grande parte. Isso explica o sensível alívio que experimentamos quando deixamos de nos ocupar com os nossos pensamentos para passar à leitura. Porém, enquanto lemos, a nossa cabeça, na realidade, não passa de uma arena dos pensamentos alheios. E quando estes se vão, o que resta? Essa é a razão pela qual quem lê muito e durante quase o dia inteiro, mas repousa nos intervalos, passando o tempo sem pensar, pouco a pouco perde a capacidade de pensar por si mesmo - como alguém que sempre cavalga e acaba por desaprender a caminhar. Tal é a situação de muitos eruditos: à força de ler, estupidificaram-se. Pois ler constantemente, retomando a leitura a cada instante livre, paralisa o espírito mais do que o trabalho manual contínuo, visto que, na execução deste último, é possível entregar-se aos seus próprios pensamentos.



No entanto, como uma mola que, pela pressão constante acarretada por meio de um corpo estranho, acaba por perder a sua elasticidade, também o espírito perde a sua devido à imposição contínua de pensamentos alheios. E, do mesmo modo como uma alimentação excessiva causa indigestão e, consequentemente, prejudica o corpo inteiro, pode-se também sobrecarregar e sufocar o espírito com uma alimentação mental excessiva.

Pois, quanto mais se lê, menos vestígios deixa no espírito aquilo que se leu: a mente transforma-se em algo semelhante a uma lousa, à qual encontram-se escritas muitas palavras, umas sobre as outras. Por isso, não se chega à ruminação (ou melhor, o afluxo intenso e contínuo do conteúdo de novas leituras serve apenas para acelerar o esquecimento do que se leu anteriormente): entretanto, apenas esta permite assimilar o que foi lido, do mesmo modo como os alimentos nos nutrem não porque os comemos, mas porque os digerimos. Se, ao contrário, lê-se continuadamente, sem mais tarde pensar a respeito do que se leu, o conteúdo da leitura não cria raízes e, na maioria das vezes, perde-se. Em geral, o processamento da alimentação mental não difere daquele da alimentação corporal: apenas a cinquentésima parte do que se consome chega a ser assimilada; o restante é eliminado por meio da evaporação, da respiração ou similares.

A tudo isso soma-se o facto de que os pensamentos transportados para o papel não são nada além de uma pegada na areia: pode-se até ver o caminho percorrido; no entanto, para saber o que tal pessoa viu ao caminhar, é preciso usar os próprios olhos.



Arthur Schopenhauer, in 'Da Leitura e dos Livros'

Perlam, Barenboim & Orquestra de Berlim.

Bazzini - Itzhak Perlman :)))))))))