próprio, que guardarás quando estiveres sozinho, ou quando te
encontrares com outros. Na maior parte do tempo, fica
em silêncio, ou, com poucas palavras, fala o que é necessário.
Raramente, quando a ocasião pedir, fala algo, mas não sobre
coisa ordinária: nada sobre lutas de gladiadores, corridas de
cavalos, nem sobre atletas, nem sobre comidas ou bebidas –
assuntos falados por toda parte. Sobretudo não fales sobre os
homens, recriminando-os, ou elogiando-os, ou comparando-os.
Então, se fores capaz, conduz a tua conversa e a dos que
estão contigo para o que é conveniente. Porém, se te
encontrares isolado em meio a estranhos, guarda silêncio.
Não rias muito, nem sobre muitas coisas, nem de modo
descontrolado. Recusa-te a fazer juramentos, se possível
por completo; senão, na medida do possível. Põe de lado
os banquetes de estranhos e de homens comuns, mas se um dia
surgir uma ocasião propícia, mantém-te atento e jamais caias na
vulgaridade. Pois sabe que, quando o companheiro for impuro,
quem convive com ele necessariamente se torna impuro,
mesmo que, por acaso, esteja puro. Acolhe as coisas
relativas ao corpo na medida da simples necessidade:
alimentos, bebidas, vestimenta, serviçais – mas exclui por
completo a ostentação ou o luxo. Quanto aos prazeres de
Afrodite, deves preservar-te ao máximo até ao casamento, mas
se te engajares neles, é preciso tomá-los conforme o costume.
No entanto, não sejas grave nem crítico com os que fazem uso
deles, nem anuncies repetidamente que tu próprio não o fazes.
Se te disserem que alguém, maldosamente, falou coisas
terríveis de ti, não te defendas das coisas ditas, mas responde
que “Ele desconhece meus outros defeitos, ou não mencionaria
somente esses”.