domingo, 10 de outubro de 2010

O «Ensina-me»

Quando era novo, mandei fazer numa tábua 
A canivete e nanquim a figura dum velho 
A coçar-se no peito por causa da sarna 
Mas de olhar implorativo porque esperava que o ensinassem. 
Uma segunda tábua pra o outro canto do quarto, 
Que devia representar um moço a ensiná-lo, 
Nunca mais foi feita. 

Quando era novo tinha a esperança 
De encontrar um velho que se deixasse ensinar. 
Quando for velho, espero 
Que se encontre um moço e eu 
Me deixe ensinar. 

Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas' 
Tradução de Paulo Quintela

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